segunda-feira, 3 de março de 2008

O coração do mundo

Cheguei nos Estados Unidos como muitos brasileiros: sem falar nem compreender a língua, sem conhecer direito a cultura, sem saber como agir perante os americanos e esperando encontrar um “primeiro mundo” como tantos alardeiam.

O que nós imaginamos e a realidade são dois opostos. Só vivendo aqui para se poder conhecer a real situação deste país.

Os brasileiros imaginam que quem vive nos Estados Unidos não tem problemas financeiros. Ledo engano. Os americanos, talvez mais do que muitos brasileiros, utilizam cartões de crédito, cheques “especiais” e contraem dívidas que podem levá-los (e levam) à falência. Não existem taxas bancárias para os serviços básicos, mas experimente deixar sua conta negativa uma vez e você terá multas que vão de 70 a 100 dólares. Mas este é um assunto para uma próxima conversa.

Hoje eu quero contar sobre um dos momentos mais emocionantes na minha vida americana.

Em dezembro eu estava no aeroporto esperando pelo meu vôo e sentei ao lado de um soldado americano. Neste período, muitos deles retornam aos seus lares para passar o Natal com a família. Um senhor se aproximou e perguntou se estava tudo bem com ele e agradeceu por ele estar no campo de batalha, lutando para proteger a família de tantos americanos. O rapaz estendeu a mão e agradeceu. Este senhor foi saindo, mas parou e retornou. Tirou uma nota de 20 dólares do bolso e entregou ao soldado, que recusou imediatamente. O senhor insistiu e disse:

- Nada neste mundo pode pagar o que você vivencia para nos proteger. Por favor, eu gostaria de poder dar mais, mas aceite este trocado apenas para simbolizar o quanto eu lhe sou grato.

Este gesto simples me tocou profundamente. Neste momento eu vi que a realidade brasileira e a americana são totalmente diferentes, mas que o coração do povo é o mesmo em qualquer lugar onde eu esteja.

Como muitos brasileiros que vivem aqui, eu sinto uma falta imensa do meu Brasil, mas estou aprendendo a viver a vida americana.